Maçonaria
Alguns autores costumam dividir a história da Maçonaria em três períodos:
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Maçonaria Primitiva;
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Maçonaria Operativa; e
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Maçonaria Especulativa.
A Maçonaria Primitiva, ou "Pré-Maçonaria", como entende André Chedel, citado por Vanildo Senna em "Fundamentos Jurídicos da Maçonaria Especulativa", abrange todo o conhecimento herdado do passado mais remoto da humanidade até o advento da Maçonaria Operativa e, por sua vez, é dividida em nove fases sucessivas, a saber:
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Mistérios Persas e Hindus;
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Mistérios Egípcios;
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Mistérios Gregos dos Cabires;
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Mistérios Gregos de Ceres ou Demeter;
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Mistérios Judaicos de Salomão;
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Mistérios Gregos de Orfeu;
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Mistérios Gregos de Pitágoras;
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Mistérios dos Essênios; e
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Mistérios Romanos.
A Maçonaria Operativa, que se estende por toda a Idade Média e a Renascença e termina com a fundação da Grande Loja de Londres, compreende a história dos operários medievais, construtores de basílicas, catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, conventos, palácios, castelos, torres, casas nobres, mercados e paços municipais. Por vezes protegidos pelos Papas e deles dependentes, os Maçons operativos eram essencialmente católicos.
A fundação da Grande Loja de Londres, determina, portanto, o fim da Maçonaria Operativa e marca o início do terceiro período da história da Maçonaria, a Maçonaria Especulativa ou Maçonaria dos Aceitos ou, ainda, como disse Nicola Aslan, "da Maçonaria em seu aspecto atual de associação civil, filosófica e humanitária".
Sobre a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa, diz-nos Vanildo Senna:
"A esta transformação os ingleses dão a denominação de Revival, que significa renovação, renascimento, datando-a de 1717. O adjetivo "especulativo" só foi aplicado aos Maçons "Aceitos" em meados do século XVIII. Esta denominação de "especulativo" era dada, no século XVII, a toda pessoa propensa à contemplação e à meditação. O "especulativo" era o idealista e não o homem de ação ou profissional. Eram homens cultos, naturalistas, eruditos e historiadores."
Com a transformação da Maçonaria Operativa em Maçonaria Especulativa surge, no ano de 1723, a primeira Constituição Maçônica, elaborada pelo Irmão Reverendo James Anderson para uso da Grande Loja de Londres. A partir de então a Maçonaria adotava uma forma de organização política que deveria conservar daí por diante.
Atualmente a Maçonaria Especulativa conhece dois sistemas de organização política: o Sistema do Grande Loja e o Sistema do Grande Oriente, cada um com suas características próprias que os distinguem um do outro.
A Grande Loja de Londres, durante muito tempo após a sua fundação, teve uma influência muito limitada, pois a maioria das Lojas britânicas continuava a respeitar as antigas obrigações, permanecendo livres sem aderir ao sistema de obediências.
O centro de resistência à Grande Loja era a antiga Loja de York, de grande tradição operativa e que dava aos membros da Grande Loja o título de “Modernos”, enquanto eles próprios se autodenominavam “Antigos”, pelo respeito às antigas leis.
O que os Antigos censuravam nos Modernos era a descristianização dos rituais, a omissão das orações e da comemoração dos dias santos, contrariando assim os mandamentos da Santa Igreja (Anglicana). O cisma entre os Antigos e Modernos durou até 1813, quando as duas Grandes Lojas fundiram-se formando a Grande Loja Unida da Inglaterra, que adotava o Rito dos Antigos de York.
A Constituição desse Supremo Órgão foi publicada em 1815. O rito não possui Altos Graus, tendo além dos três simbólicos, uma quarta etapa designada de “Real Arco”, que é considerada uma extensão do Mestrado.
No Brasil, foi introduzido em 1837, pela Loja Orphan Lodge, subordinada à Grande Loja Unida da Inglaterra. A primeira Loja a trabalhar no Rito, ligada à uma Potência do país foi a Eureka Lodge do Grande Oriente do Brasil que em 1891 adotou o Ritual de Emulação.
Em 1920, um ritual em português impresso em Londres e reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE) começou a ser usado no Brasil.
O Rito de York chegou ao Brasil através do Grande Oriente Unido, também conhecido por "Grande Oriente dos Beneditinos", com a Washington Lodge, fundada em 19 de novembro de 1874, na cidade de Santa Bárbara do Oeste-SP. Esta Loja "não foi fundada por ingleses, mas, sim, por americanos, depois de terem emigrado para o Brasil, por ocasião da Guerra Civil nos Estados Unidos da América.
Eles eram quase todos, originários do Estado do Alabama.
Os procedimentos do Rito de York são os mais antigos e os mais praticados em todo o mundo. Estima-se que cerca de 85% dos maçons os pratiquem.
A Grande Loja de Londres juntamente com as Grandes Lojas da Escócia e Irlanda, fundadas em 1717, 1725 e 1736, respectivamente, constituem as três mais antigas do mundo.
Na Inglaterra não havia denominação para rito tal como é hoje (Escocês, Francês, Adonhiramita etc). Poder-se-ia dizer que, para os ingleses, rito é o maçônico e ritual é um procedimento, uma prática especifica, o que eles chamam de working.
No Brasil costuma-se confundir Rito de York com Emulation Ritual, pensando que o segundo é também um rito. O primeiro é um rito, e o segundo, é um ritual utilizado pelo primeiro, conhecido no Brasil como ritual de Emulação. O Rito de York abriga em torno de sete tipos de rituais que muito se assemelham entre si cujas práticas variam de acordo com as regiões na Inglaterra. São eles:
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Emulation
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Logic
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Taylor’s
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Bristol
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Stability
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West End.
Até 1717 as lojas maçônicas eram livres, isto é, não havia uma obediência que as aglutinassem. Com a fundação da Grande Loja de Londres algumas lojas inglesas passam a se subordinar a uma obediência central. Na cidade de York as lojas maçônicas continuaram independentes até 1751, quando surge uma Grande Loja rival denominada Grande Loja da Inglaterra ou Grande Loja de York.
Rito de York por meio de seus procedimentos ritualísticos, é o mais próximo da maçonaria operativa, anterior a 1717.
Em 1813 ocorre a união (Act of Union) firmado entre as duas Grandes Lojas rivais inglesas dando origem a Grande Loja Unida da Inglaterra. A partir da união, vários rituais foram autorizados e escritos, dentre eles o ritual de Emulação.
Atualmente, há 157 Grandes Lojas no mundo, das quais a Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece 107. Isso não implica dizer que as 50 Grandes Lojas não reconhecidas, sejam consideradas espúrias ou irregulares - simplesmente, não são reconhecidas.
É difícil precisar, exatamente, o número de lojas maçônicas no mundo. Sabe-se que há, aproximadamente, 50 mil lojas em jurisdições reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
A Inglaterra com cerca de 48 milhões de habitantes e perto de 700 mil maçons, é a maior jurisdição, com 8.578 Lojas.
Em Londres, com 7 milhões de habitantes na área metropolitana, existem cerca de 1.648 lojas maçônicas, com 150 mil maçons, aproximadamente.
Os EUA possuem 50 Grandes Lojas, com aproximadamente, 15 mil lojas maçônicas e 4 milhões de maçons.
Com 50 jurisdições os Estados Unidos contam com cerca de metade de todas as Grandes Lojas reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, Irlanda e Escócia.
Dos 4 milhões de maçons dos Estados Unidos, 3 milhões são do Rito de York, ou seja 75%. Entretanto, é oportuno frisar que o Rito de York praticado nos Estados Unidos difere do praticado na Inglaterra.
